sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A ASSISTÊNCIA DA TERAPIA OCUPACIONAL AO PACIENTE DEPRESSIVO

RESUMO

Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica para almejar os objetivos delimitados. Inicialmente buscou-se o conceito histórico da depressão e uma análise do Sistema Único de Saúde que contribui para o tratamento dessa população, ou melhor, para a reabilitação psicossocial destes indivíduos.

Em seguida, considerando-se o fazer, como próprio dos seres humanos, foi enfatizado a importância da intervenção da Terapia Ocupacional através do uso da atividade como instrumento em suas ações e buscou-se um breve relato sobre a importância da Saúde Mental na Terapia Ocupacional.

Em suma, este tudo permitiu concluir que a Terapia Ocupacional busca a promoção de saúde, através da realização de atividades para que as pessoas possam estar contextualizadas em seu cotidiano, uma vez que o fazer é intrínseco do Homem e permite ao mesmo conhecer a si mesmo, ao outro e ao mundo.

DESCRITORES: Terapia Ocupacional. Saúde Mental. Atividades. Depressão.

SUMÁRIO

Introdução

1. A visão histórica da depressão e a reabilitação psicossocial
1.1 Conceito histórico da depressão
1.2 Aspectos epidemiológicos e demográficos
1.3 O Sistema Único de Saúde

2. Terapia Ocupacional
2.1 Histórico da Terapia Ocupacional
2.2 A atividade como instrumento de transformação histórica no processo saúde-doença

3. A importância do fazer compartilhado e contextualizado na Terapia Ocupacional
3.1 População e sujeito alvo da Terapia Ocupacional

Conclusão

INTRODUÇÃO

O objetivo fundamental deste trabalho é verificar a atuação da Terapia Ocupacional na intervenção às pessoas com depressão, devido aos prejuízos funcionais e ocupacionais que a patologia provoca.

Para encaminhar este estudo na direção deste objetivo foram definidos alguns objetivos específicos como: compreender as ações da Terapia Ocupacional junto à pessoa com depressão, uma vez que essa população alvo se caracteriza pela ausência do “Fazer”, objetivando ainda os aspectos preventivos de reabilitação e inserção social, tendo o terapeuta ocupacional como principal foco a inserção social, ou melhor, a participação ativa do sujeito em seu cotidiano.

Tendo em vista os objetivos estabelecidos, a metodologia utilizada para a construção do presente trabalho foi levantamento de bibliografia especializada sobre o tema em livros, artigos de revista, teses e monografias.



Sendo assim o presente estudo apresenta em sua estrutura quatro capítulos. O I capítulo aborda a visão histórica da depressão e a reabilitação psicossocial, dessa forma, buscou-se a etiologia da depressão desde a Antiguidade até os dias atuais, ressaltando a evolução do conceito.



O II capítulo relata o surgimento da Terapia Ocupacional e a relaciona com a Saúde Mental, buscando demonstrar a relação entre elas, uma vez que ambas buscam a autonomia e a contextualização do sujeito em sua própria história. Este capitulo também salienta o uso da atividade como instrumento nas ações em Terapia Ocupacional.

O III capítulo expõe que os conceitos referentes à população e o sujeito alvo da Terapia Ocupacional, buscando demonstrar as ações em Terapia Ocupacional, que se justifica a partir do fazer compartilhado e contextualizado.

O IV capítulo explica a metodologia utilizada para a construção deste trabalho, cabendo neste momento ressaltar que foi realizada uma pesquisa bibliográfica.

Em suma, esse estudo busca, portanto contribuir para um breve entendimento sobre a atuação da Terapia Ocupacional junto à pessoa com depressão, além de exigir uma reflexão pessoal sobre o fazer.

CAPÍTULO I

A VISÃO HISTÓRICA DA DEPRESSÃO E A REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL

Neste capitulo será abordado a depressão ao longo do processo histórico, sendo ilustrado aspectos epidemiológicos e demográficos da patologia no contexto mundial.



1.1. CONCEITO HISTÓRICO DA DEPRESSÃO:

Desde a Antiguidade, a depressão tem sido registrada, sendo que as perturbações antes chamadas melancolia, atualmente são definidas como depressão (SOLOMON, 2002).

A melancolia era uma doença, especialmente, nociva, caracterizada pela ausência de alegria ante o conhecimento curto do amor e da misericórdia divina, ou ainda, segundo VIEIRA (2005) era um afastamento de tudo o que era sagrado.

De acordo com SOLOMON (2002), a etiologia da melancolia é grega, melano chole, que significa bílis negra, a qual originou a teoria dos humores; os gregos acreditavam que as doenças da mente estão conectadas de algum modo à disfunção corporal.



Vale acrescentar que a teoria dos humores foi um marco na história, pois constituiu na substituição da mitologia pela biologia e na adoção de um modelo de observação clínica.

Dessa forma, Hipócrates, no século V a.C., definia a melancolia como “uma afecção sem febre, no qual o espírito triste permanece sem razão fixado em uma mesma idéia, constantemente abatido”(CUCHE & GERALD, 1994).

Conforme, SOLOMON (2002), o termo depressão foi primeiramente utilizado em 1660, para caracterizar o desânimo, porém somente entrou para uso comum em meados do XIX; e ao longo deste ora era considerada prazerosa ora desprazerosa.

Uma vez que a depressão é uma doença que tem crescido nos últimos anos, é incapacitante, traz prejuízos à pessoa, sua família e, também a sociedade.

Segundo DEL PORTO (1999) a depressão, atualmente, tem sido empregada para designar, tanto um estado afetivo normal (a tristeza), como um sintoma, uma síndrome e uma (ou várias) doenças, pois todo ser humano em qualquer fase de sua vida pode experimentar sintomas depressivos, contudo, sob o termo depressão, encontram-se dos mais variados estados mentais, sendo importante não confundir sentimentos de tristeza, desesperança e preocupação.

De acordo com KAPLAN (1997), a depressão é um transtorno de humor, cuja causa é desconhecida, porém os fatores causais podem ser divididos em fatores biológicos, genéticos e psicossociais, podendo interagir entre si, sendo que na literatura atual encontram-se alguns quadros, tais como, transtorno depressivo maior, melancolia, distimia, depressão integrante do transtorno bipolar I e II, depressão como parte da ciclotimia.



Em conformidade com MATOS, MATOS & MATOS (2006) e o DSM-IV (1994), um episódio depressivo se caracteriza por um período de duração mínima de duas semanas, e compreende os sintomas abaixo descritos:

- Humor deprimido na maior parte do dia;

- Energia reduzida, com fadigabilidade aumentada e atividade diminuída;
- Concentração e atenção reduzidas;
- Auto-estima e auto-confiança reduzidas;
- Idéias de culpa e inutilidade, visão desoladas e pessimistas do futuro;
- Idéias ou atos autolesivos ou suicídio;
- Insônia ou hipersonia;
- Agitação ou retardo psicomotor;
- Apetite diminuído;
- Atividades sociais freqüentemente negligenciadas.

Cabe ressaltar que os sintomas devem estar presentes no mínimo durante duas semanas; e pelo menos cinco dos sintomas descritos devem ser observados.

Conforme o DSM-IV serão descritos os subtipos de depressão:

- Transtorno Depressivo Maior:

Humor deprimido na maior parte do dia, relatado pelo próprio indivíduo ou observado por outros, interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as atividades habitualmente prazerosas, perda ou aumento do apetite, com diminuição ou ganho de peso corporal, agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias, capacidade diminuída para pensar ou concentrar-se e de tomar decisões, insônia ou hipersonia quase todos os dias, fadiga ou perda de energia, sensação de inutilidade ou culpa excessiva e comportamento suicida caracterizado por ideação recorrente, planos ou tentativas de suicídio.

- Transtorno Distímico:

Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, por um período de pelo menos dois anos, perda ou aumento do apetite, insônia ou hipersonia, diminuição de energia e fadiga, baixa da auto-estima, diminuição da concentração e da capacidade de tomada de decisões.

- Transtorno com Características Melancólicas ou Endógenas:

Perda do prazer por quase todas as atividades, ausência de reatividade aos estímulos agradáveis, relato de uma qualidade distinta do humor depressivo, sendo o humor depressivo mais intenso pela manhã, insônia tardia, retardo psicomotor ou agitação psicomotora, perda significativa do apetite e do peso corporal e culpa excessiva.

- Transtorno depressivo integrante do transtorno Bipolar tipo I:

É caracterizado por episódios depressivos leves a graves, intercalados com fases de normalidade e fases maníacas bem caracterizadas, como o aumento da auto-estima, insônia, irritabilidade, heteroagressividade, desinibição social e sexual, tendência exagerada a comprar objetos ou a dar seus pertences indiscriminadamente, idéias ou delírios de grandeza, de poder, de importância social e alucinações.

- Transtorno Depressivo Integrante do Transtorno Bipolar tipo II:

Ocorre muitas fases depressivas, maníacas, hipomaniacas ou mistas em curto período de tempo, com apenas breves períodos de remissão, sendo necessário para o diagnóstico passar por quatro fases bem caracterizadas e distintas de mania e/ou depressão, num período de um ano.

- Transtorno depressivo com características atípicas:

É necessária a presença de reatividade do humor, e de pelo menos dois sintomas, que podem ser ganho de peso ou aumento significativo do apetite, hipersonia, sensação de peso no corpo, sensibilidade à rejeição interpessoal, que se mantém mesmo fora dos períodos de depressão.

- Transtorno depressivo psicótico:

Ocorre associado a sintomas depressivos, um ou mais sintomas psicóticos, com delírio de ruína ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de órgãos, alucinações com conteúdo depressivo.

Em concordância com LOWEN (1983), as evidências de que os seres humanos estão sendo vitimas de uma perigosa epidemia de depressão é justificada pelo fato do Homem não ter alcançado a felicidade tão esperada, sendo observado, somado a isto, a taxa de desemprego é assustadora em todo o planeta, há pessoas passando fome e crianças morrendo de diarréia, sendo assim, o número de pessoas com doenças mentais aumenta a cada ano.

1.2. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E DEMOGRÁFICOS:

A depressão é uma morbidade de difícil mensuração, especialmente em estudos epidemiológicos, tudo isso por ser um transtorno afetivo, ou melhor, por seus sintomas traduzirem sentimentos que diferem acentuadamente em grau e até espécie (GAZALLE et al, 2004).

De acordo com a Revista Brasileira de Psiquiatria (1999), em algum momento da vida, 15% a 20 % da população apresentará depressão, tal fato deve ser encarado como um problema de Saúde Pública em todo o mundo.

Uma vez que um grande estudo da Organização Mundial de Saúde (1997) sobre o “impacto das doenças globais” reconheceu a depressão como uma das doenças que ocasionam maior comprometimento e sofrimento, provavelmente a segunda causa entre todas as outras condições de “incapacidade ajustada aos anos de vida” (DEL PORTO, 1999).

Das pessoas que sofrem de depressão, quase todas apresentam sintomas somáticos; a falta ou o excesso de sono afeta 90% das pessoas, 30% apresentam disfunções sexuais; e estima-se que 80% apresentem sintomas como ansiedade ou agitação (OMS, 2001).

É necessário acrescentar que a depressão é essencialmente, um transtorno episódico recorrente, e cada episódio, geralmente, dura de alguns meses a anos com um período normal interveniente (VIEIRA, 2005).

Em cerca de 20% dos casos, porém, a depressão segue um curso crônico e sem remissão (contínuo), em especial quando não há tratamento adequado disponível (VIEIRA, 2005).

Segundo VALENTINI, et al (2004) quase dois terços das pessoas com depressão não fazem tratamento e os pacientes que procuram o clínico geral apenas 50% são diagnosticados corretamente.

Em média, 50% dos que chegam à rede básica de saúde com sintoma de depressão, não recebem diagnóstico, nem tratamento correto.

Vale acrescentar que segundo pesquisa da Organização Mundial de Saúde (2001), a depressão atinge pessoas de ambos os sexos, em todas as faixas etárias, independente de posição socioeconômica ou país de moradia.

Conforme LIMA (1999), os fatores sociais podem colocar as pessoas mais jovens em maior risco, da mesma forma que a predisposição biológica para depressão maior pode aumentar com a idade.

As mulheres apresentam cerca de duas vezes mais depressão do que os homens. E a idade de começo dos transtornos depressivos está entre 20 e 40 anos, apesar de a depressão também ocorrer na infância (DEL PORTO, 1999).

A taxa de recorrência aos que se recuperam do primeiro episódio fica ao redor de 35% dentro de dois anos, e cerca de 60% em doze anos. A taxa de recorrência é mais alta naqueles com mais de 45 anos de idade (DEL PORTO, 1999).

Notamos ainda que um dos resultados trágicos desse distúrbio é o suicídio, assim, cerca de 15% a 20% das pessoas com depressão cometem suicídio (OMS, 2001). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2001), nos próximos 20 anos, a depressão sairá do quarto lugar na lista de doenças dispendiosas e fatais, e ficará atrás apenas das cardíacas.

Os dados ainda revelam que, quase 20% da população passará, pelo menos por um episódio de depressão ao longo da vida e desses casos, quase a metade terá episódios repetitivos de crise e precisará de tratamento contínuo.

Nestes casos, serão considerados como doença crônica. As atuais estatísticas indicam que mais de quatrocentos milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão, e o risco desta doença ocorrer no sexo masculino é 11% ao passo que no sexo feminino pode chegar a 18,6% (OMS, 2001).

Contudo, a cada ano que passa, mais informações encontram-se disponíveis sobre a tecnologia que há nos hospitais e o grande avanço das indústrias farmacêuticas, que lança medicamentos novos continuamente. Porém, os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) dificilmente têm acesso a toda essa tecnologia.

Nesse contexto; a depressão é uma doença que apesar do grande número de terapêuticas disponíveis, aumenta a cada ano. De acordo com LIMA (1999), alguns fatores socioeconômicos como, baixa escolaridade e renda, são mais propensos a apresentar maior prevalência de transtornos mentais.

1.3. O Sistema Único de Saúde

O Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil objetiva um conjunto de ação que se integram visando à promoção, a proteção e a recuperação da saúde, seguindo um mesmo princípio em todo o Território Nacional, a fim de torna disponível a toda a população o atendimento público obrigatório e gratuito a qualquer pessoa, conforme POLIGNANO (1994).

A Constituição Federal em vigor afirma, a saúde é de direito de todos os cidadãos e os mesmos têm acesso universal e igualitário ao sistema público.

A grande maioria da população depende exclusivamente da assistência de saúde ofertada pelo Sistema Único de Saúde em relação aos diversos níveis de atendimento que se encontram organizados segundo sua complexidade: serviço primário de saúde (unidade básica de saúde, pronto-atendimento, pronto-socorro), secundário (hospital geral, ambulatório de especialidades) e terciário (hospitais especializados e universitários).

Sendo assim, a prevenção pode e deve ser realizada através de medidas que proporcionem uma saúde integral ao homem nos serviços de prevenção primária, secundária e terciária. FORTES (1997) afirma que a organização do sistema de saúde assim concebida pressupõe a resolução de 80% dos problemas de assistência de saúde nos serviços primários.

A prevenção primária corresponde à promoção de saúde, onde encontrase à educação sanitária (informações e aconselhamento ao indivíduo e a comunidade), à boa alimentação, a moradia adequada, a genética, a exames seletivos e periódicos e outros, enquanto a proteção específica, esta relacionada à imunização especifica, ao hábito de saneamento do ambiente, proteção contra riscos ocupacionais e etc. Assim, a prevenção primária corresponde ao atendimento de base que é encontrado nos centros de saúde.

A prevenção secundária ocorre através do diagnóstico precoce e tratamento imediato e adequado, sendo realizadas pesquisas de triagem, exames seletivos cuja finalidade é curar e evitar o processo da doença, evitar complicações, seqüelas e eventuais e encurtar o período da invalidez.

A limitação da invalidez, também compreende este sistema por meio de tratamento adequado para interromper o processo mórbido, evitar futuras complicações e seqüelas, a fim de limitar a invalidez e evitar a morte; esta prevenção corresponde aos hospitais de distrito (FORTES, 1997).

E finalmente, a prevenção terciária que corresponde à prevenção da incapacidade total; depois que as alterações anatômicas e fisiológicas estão mais ou menos estabilizadas.

É a prevenção de serviços hospitalares e comunitários para reeducação e treinamento, para utilizar a máxima capacidade restante, a educação do público e as indústrias no sentido de que empregue reabilitado, ou seja, esta prevenção necessita de hospitais especializados.

É importante ressaltar que o tratamento para depressão pode ser encontrado em todos os níveis de atenção de saúde, dependendo da intensidade do transtorno o paciente será encaminhado ao serviço de referência.

No surgimento da depressão, o individuo deverá procurar a atenção primária, esse atendimento é encontrado nos centros de saúde, onde o clínico geral atende essas pessoas, e pode estar encaminhando o paciente para atendimento específico, caso julgue necessário.

No nível de atenção secundária, encontramos os atendimentos ambulatoriais e o hospital-dia, como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) e o Núcleo de Atenção Psicossocial (NAPs). PITTA (1996) conceituou o Centro de Atenção Psicossocial como um conjunto de meios (programas e serviços), que se desenvolvem para facilitar a vida das pessoas com problemas severos e persistentes de saúde mental, objetivando segundo PITANGA & SIMÃO (2001) apud SARACENO (1998), o resgate a cidadania e de outros valores sociais.

Uma outra definição significativa é da Internacional Association of Psychosocial Rehabilitation Services (1985): “o processo de facilitar ao individuo com limitações a restauração, no melhor nível possível de autonomia do exercício de suas funções na comunidade ... o processo enfatizaria as partes mais sadias e a totalidade de potenciais do individuo, mediante uma abordagem compreensiva e um suporte vocacional, residual, social, recreacional, educacional, ajustados às demandas singulares de cada indivíduo e cada situação de modo personalizado” (PITANGA & SIMÃO, 2001: 356).

É necessário ressaltar que o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), funciona em regime de hospital-dia, sendo responsável pelo tratamento medicamentoso e terapêutico, por isso possui uma equipe interdisciplinar, composta em sua maioria por enfermeiro, auxiliares de enfermagem, psicólogo, terapeuta ocupacional, médico, farmacêutico e assistente social (PITANGA & SIMÃO, 2001).

O NAPS – Núcleo de Atenção Psicossocial, também pertence ao nível de atenção secundário, sendo uma instituição que auxilia no tratamento em Saúde

Mental de forma ambulatorial, a fim de promover a reabilitação psicossocial (PITTA, 1996 apud BOCK, 1998), que representa a possibilidade concreta de transformação do sistema de atenção das pessoas com sofrimento psíquico, ou seja, a desconstrução do modelo asilar-manicomial e a criação de serviços abertos e territoriais.

Encontram-se os hospitais psiquiátricos no nível de atenção terciária, os quais a partir do século XX tiveram destaque com a consolidação da psiquiatria, conseguindo modificar as formas de atendimento e assistência à pessoa com doença mental.

É necessário ressaltar que a Enfermaria de Psiquiatria no Hospital Geral também está inclusa neste nível de atenção.

Em suma, é de extrema importância que os profissionais e usuários dos Serviços de Saúde, compreendam o funcionamento da assistência, para poder usufruir desta de forma adequada.

CAPÍTULO II

TERAPIA OCUPACIONAL

A depressão passou por uma evolução histórica e atualmente tem acometido grande parte da população mundial, sendo característico dos pacientes com depressão a negligência de suas atividades de vida diária, dessa forma, neste capítulo será abordado a evolução histórica do conceito de atividade ao longo dos anos e o surgimento da profissão.

2.1. HISTÓRICO DA TERAPIA OCUPACIONAL:

A Terapia Ocupacional surgiu enquanto prática profissional no mundo, basicamente, de dois processos: ocupação de doentes crônicos em hospitais de longa permanência com base em programas recreativos e/ou laborterápicos e restauração da capacidade funcional dos incapacitados físicos em programas multidisciplinares de reabilitação (SOARES, 1991 : 139).

Em 1957 o curso de Terapia Ocupacional foi criado no Brasil visando através da ocupação humanizar a assistência psiquiátrica e reabilitar os incapacitados da 2º Guerra Mundial, pois economicamente era vantajoso para o governo recuperar a mão de obra destes indivíduos, para que eles voltassem ao trabalho (TAVARES, 2001:25).

A Terapia Ocupacional, atualmente pode ser entendida como um campo de conhecimento e de intervenção em saúde, educação e na esfera social, reunindo tecnologias orientadas para a emancipação e autonomia de pessoas que por razões ligadas a problemáticas especificas (físicas, sensoriais, psicológicas, mentais e/ou sociais), apresentam temporária ou definitivamente, dificuldades na inserção e participação na vida social” (USP, 2000 aput DE CARLO, BARTOLOTTI, 2001).

Segundo CASTRO et al (2004) a Terapia Ocupacional significa buscar novas formas de conhecimento, de ações, de atividades que recuperem a vida produtiva, ou seja, produção de sentido, de participação; participação essa na sociedade e na cultura o qual está inserido.

Dessa forma, BENETTON (1994), definiu a Terapia Ocupacional como “arte de aplicar conhecimentos científicos e empíricos e certas habilidades especificas, decorrentes do uso de atividades”.

FRANCISCO (1998) relatou que as atividades proporcionam a cada individuo “ser reconhecido e se reconhecer por outros fazeres”, possibilitando conhecer a história de vida de cada um.

Ainda segundo FRANCISCO (2001), o “fazer” ocorre durante o processo terapêutico, um lugar onde o sujeito cria, reconhece, atua, organiza e gerencia suas ações, seu reconhecimento e suas dificuldades no contexto o qual esta inserido.

Conforme PIERGROSSI & GILBERTONI (1997: 36), à medida que os pacientes escolhem pregar um prego, tocar uma flauta ou misturar ovo com farinha, começam a contar a sua própria história e a construir a história de sua experiência terapêutica.

TEDESCO & FERRARI (2000) afirmam que a relação do individuo com seu fazer e com aquilo que precisa o quer realizar em seu cotidiano é objeto de sustentação no social.

Comparativamente, a Saúde Mental, de acordo com BENETTON (1994), é um objetivo a ser alcançado, tornando-se em seguida um instrumento para o trabalho de inserção social, e isto em qualquer área de atuação, portanto a compreensão do conceito de Saúde Mental é de significativa importância para o trabalho do terapeuta ocupacional.

Para FERNANDES (1999: 97), a “Saúde Mental deve ser concebida como inerente à saúde integral e ao bem-estar social dos indivíduos.

Nessa dimensão daSaúde Mental se articula o estudo dos problemas de saúde e doença mental, a investigação das necessidades psicossociais e a organização de recursos para satisfazê-las”.

Sendo assim, a Saúde Mental, está relacionada aos fracassos de adaptação, ao tratamento das instituições que implicam a noção de enfermidade e necessidade de um tratamento de aplicação externa (RIBEIRO, 1996).

Uma vez que a Saúde Mental surgiu em decorrência às críticas realizada ao modelo hospitalar, somado à falência do modelo previdenciário e a assistência psiquiátrica, resultando na prevenção de doenças psiquiátricas e mentais, na promoção de saúde e recuperação da população, em conformidade com o autor supracitado (RIBEIRO, 1996).

Recentemente, a Saúde Mental no Brasil vem trilhando e ampliando os caminhos possíveis de atuação, além de uma nova ética na relação entre profissionais e usuários, tendo como objetivo o atendimento especializado as pessoas com sofrimento mental em seu próprio contexto, a fim de evitar isolamento do meio social e familiar, promovendo o resgate de sua história, trabalhando a socialização (SILVA et al 2000).

Refletindo sobre Saúde Mental e Terapia Ocupacional LIMA (2006), relatou que a relação ocorre por ser a Terapia Ocupacional produtora de saúde mental; então a Saúde Mental passa a ser entendida como parte da prática da Terapia Ocupacional em qualquer área de atuação.

Uma correlação mais clara seria a de BENETTON (1994) na qual a Terapia Ocupacional objetiva reabilitar, tratar e prevenir a fim de obter a Saúde Mental, essa que é fundamental para promover a interação social e o resgate de valores de uma história. Sendo isso possível através do uso da atividade, que é o elemento centralizador e orientador na Terapia Ocupacional para a construção complexa e contextualizada do processo terapêutico (USP, 1997).

Vale acrescentar que a Terapia Ocupacional foi considerada elemento central na construção de um novo modelo de assistência em Saúde Mental, além de possibilitar a criação de um novo perfil em Terapia Ocupacional, segundo MÂNGIA (2000).

De acordo com RIBEIRO (1996) tanto a Saúde Mental como a Terapia Ocupacional visam compreender a relação do sujeito com a sociedade, essa que ocorre a partir de uma conduta, da escolha e das atividades realizadas pelos indivíduos em seu dia-a-dia.

Conforme o exposto acima, a Terapia Ocupacional tem o desafio da inserção social, ou seja, auxiliar o individuo a desempenhar seus diversos papéis num espaço de troca, seja essa com a família, com o trabalho, ou melhor, como cidadão que se reconhece quanto aos seus direitos e deveres na sociedade civil (MÂNGIA, 200).

2.3. A ATIVIDADE COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO HISTÓRICA NO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA:

O uso da atividade pode ser notado desde a Antiguidade em que é possível observar a ocupação como tratamento, passando de exercício para recreação e finalmente para trabalho, sendo assim, MEDEIROS (2003) ressalta que os egípcios (200 aC) e os gregos (420 aC) indicavam a diversão e recreação como meio de trata  o doente, desta forma recomendavam jogos de dama, danças majestosas, jogos de bola, tocar arpa e cítara, dentre outros.

Segundo TAVARES (2001) a atividade sempre pertenceu ao ser humano e começou a ser utilizada como intenção terapêutica, pelos povos egípcios, a fim de tratar o humor doentio.

Hipocrátes, o pai da Medicina (359 aC) e Galeno, seu sucessor (200 aC), recomendavam a seus pacientes exercícios físicos nos ginásios como meio de recuperar-se de doenças, o último afirmava que a ocupação era o melhor remédio da natureza (MEDEIROS, 2003).

Na Idade Média, a igreja, condenava todo e qualquer tipo de jogo ou ocupação recreacional, caracterizando-a como diabólica, enquanto os judeus antigos (3400 aC) acreditavam que o trabalho produzia efeitos benéficos no corpo e na mente (MEDEIROS, 2003).

No século XVIII com a primeira revolução psiquiátrica, a loucura passa a ser entendida como doença mental e a ocupação é vista com fins terapêuticos; tendo destaque PINEL e o Tratamento Moral, em que a idéia de utilização do trabalho passa a ser enfatizada como dispositivo de tratamento (TAVARES, 2001).

No Brasil, o uso da atividade se deu através da influência do Tratamento Moral e sua aplicação pode ser observada com os pacientes dos primeiros hospitais psiquiátricos.

Segundo FRANCISCO (1998) os primeiros princípios teóricos que direcionam a Terapia Ocupacional, foram à busca do significado da ocupação humana, em que KIELHOFNER a conceitua como um organizador natural do comportamento humano.

Vale acrescentar que nas décadas de quarenta e cinqüenta houve a substituição do treinamento de hábitos para um modelo progressivo e linear, pois surgiu a necessidade da atividade ser cientifica e aceitável, resultando no uso da atividade direcionada para a patologia, ou melhor, para as partes lesadas (FRANCISCO, 1998).

Enquanto na década de cinqüenta os FIDLERS acreditavam que a atividade era o principal meio de comunicação interna dos pacientes, segundo PIERGROSSI & GILBERTONI (1997).

De acordo com FRANCISCO, 1998 a atividade ao longo do tempo aprimorou ao longo do tempo seu conceito, passando assim por quatro fases distintas, sendo elas: a atividade como exercício, como produção, expressão e por último como criação e transformação dos seres humanos.

É necessário lembrar que a atividade humana tem uma dinâmica própria, sendo organizadora e estruturadora de uma rotina, proporcionando assim sensações, dificuldades, a qual auxilia o indivíduo na capacitação; construção da autonomia e contextualização do sujeito em sua cultura (FERRIOTI, 2003).

A atividade humana para FRANCISCO (1998) deve ser entendida enquanto espaço para criar, recriar, produzir um mundo humano, devendo-se considerar o simbolismo que há nas ações, ou seja, a ação não como um ato biológico, mas um ato cheio de intenções, vontades, desejos e necessidades.

Deste modo é primordial que o terapeuta ocupacional valorize o processo ao invés do produto final, sendo que os materiais para essa construção são sempre reais, flexíveis e disponíveis para serem utilizados de forma real ou inusitada, pois tudo depende do significado da atividade.

Por isso o destino da atividade deve ser observado e aceito, além do que a atividade é o elo de ligação entre o paciente e o terapeuta, ou a ligação com o mundo real (PIERGROSSI & GILBERTONI, 1997).

Em conformidade com DE CARLO (2001), a realização de atividade é caracterizada como o fio condutor de uma história peculiar, que se constrói na relação terapêutica, a cada momento ou situação, de modo sempre singular.

Na Terapia Ocupacional, há a necessidade e a possibilidade de resgatarmos através do fazer a unidade do sujeito, pois é essencial para o restabelecimento da saúde, além do que a atividade proporciona a integração dos fragmentos, ou seja, permite conhecer a história de vida dos indivíduos (DE CARLO, 2001).

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DO FAZER COMPARTILHADO E CONTEXTUALIZADO NA TERAPIA OCUPACIONAL

Neste capitulo será discutido a diferença entre população e sujeito alvo da Terapia Ocupacional. E o fazer na Terapia Ocupacional que deve ocorrer dentro de um contexto que faça parte da vida do sujeito.

3.1. POPULAÇÃO E SUJEITO ALVO DA TERAPIA OCUPACIONAL:

A Terapia Ocupacional apresenta uma população alvo que não é descrita pela doença, mas sim por uma necessidade relacionada a uma determinada condição social, que exclui e segrega as pessoas de seu contexto sócio-cultural (RODRIGUES, 2003).

A depressão é um distúrbio da emoção que afeta o corpo, o humor e o pensamento (PONTES, 1998 apud BALLARIN, 2005 : 65) ou ainda compromete o desempenho ocupacional e funcional do individuo.

Sendo assim, a população escolhida para o estudo, compreende indivíduos com depressão, sendo que esta patologia esta relacionada ao humor anormal que inclui fatores biológicos, genéticos e psicossociais (KAPLAN, 1997), sendo considerada uma síndrome que se inicia na maioria das vezes após perdas significativas, a exemplo, a perda de uma pessoa querida, de um emprego, de um local de moradia, de fatores socioeconômicos, ou ainda, algo simbólico, conforme DALGALARRONDO (2001 : 191).

O sujeito alvo da Terapia Ocupacional é conforme RODRIGUES (2003: 59) um sujeito excluído de um fazer próprio que é visto como alguém incapaz, improdutivo, que não serve, literalmente, para ocupar um posto/ lugar nesta sociedade capitalista e muitas vezes preconceituosa, porém este só é caracterizado a partir do diagnóstico situacional.

Em confomidade com CECATO (2002 : 6) apud BENETTON (1994), o diagnóstico situacional é estabelicido pela análise das condições sócio-emocionais imediatas, com as quais o individuo se apresenta para a nossa observação, bem como seu modo de estar inserido ou não no social, o lugar que ele ocupa na família, com seus amigos, no trabalho, atividades esportivas e de lazer.

É necessário ressaltar que a partir do diagnóstico situacional encontramos histórias de pessoas marcadas por uma ausência ou desorganização das atividades que organizam o di-a-dia, conforme BENETTON (199) apud TAKATORI (2001).

Portanto, a Terapia Ocupacional como promotora do fazer humano, tornase imprescindível na assistência as pessoas com depressão, pois segundo BALLARIN (2005), uma característica típica é a queixa quanto à perda do prazer pelas atividades desenvolvidas ou outras que realizavam anteriormente, ocorrendo em sua maioria uma negligência da mesma.

Segundo CASTRO, LIMA e BRUNELLO (1998) as atividades humanas sãoconstituídas por um conjunto de ações, essas que permitem ao individuo conhecer a si mesmo, de conhecer o outro, o mundo, o espaço, o tempo em que vivemos e a nossa cultura.

Dessa forma, cabe salientar que esse conjunto de ações equivale ao fazer,uma vez que as pessoas em seu dia-a-dia realizam diversas atividades que vão desde o ato de pentear o cabelo ou escovar os dentes até o de realizar compras nosupermercado, enfim na Terapia Ocupacional o sujeito alvo se justifica pela ausência de conseguir realizar ações, no caso das pessoas com depressão pela negligência, do verbo “FAZER”.

Consecutivamente a pessoa com depressão é aquela que não consegue realizar suas atividades cotidianas, tornando-se sujeito alvo da Terapia Ocupacional.

BENETTON, TEDESCO E FERRARI (2003 : 34) apud HELLER (2000) conceituam o cotidiano como o lugar da repetição, do concreto, da experiência vivida, ressaltando que a vida cotidiana é a vida do homem inteiro; ou seja, o homem participa na vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de sua personalidade.

Sendo assim a vida cotidiana desse sujeito alvo pode ser resgatada através do diagnóstico situacional, ou seja, o que faz, como faz, com quem e onde faz, isso tudo contextualizado dentro do processo terapêutico, segundo as autoras descritas acima.

Em concordância com TAKATORI (2001), é necessário enfatizar ainda que a Terapia Ocupacional assiste esses indivíduos que apresentam uma desorganização do fazer em seu cotidiano, ou seja, encontra dificuldades de participar efetivamente da sua cultura, assim como a população atingida pela depressão.

Na Terapia Ocupacional têm-se a possibilidade de realizar o fazer compartilhado e contextualizado que segundo RODRIGUES (2003 : 60) sustenta e promove o fazer no social, devolvendo a possibilidade de voltar a SER alguém na sociedade.

Segundo BALLARIN (2005), o fazer compartilhado acontece durante o processo terapêutico, ou melhor, na relação terapêutica estabelecida entre o terapeuta ocupacional e o indivíduo, formando um campo de elementos visíveis e invisíveis.

TAKATORI (2001) ressaltou que o fazer sustenta a construção de um cotidiano, onde existe uma rotina que é vivida e realizada de modo pessoal. A autora ainda afirma que o processo de reabilitação contribui para a construção desse cotidiano interrompido ou inexistente, a partir de situações que se transformam em experiências significativas para o paciente na relação terapeutapaciente-atividade (TAKATORI, 2001 : 372).

MARCOLINO (2003) ressaltou que na maioria das vezes o sujeito alvo só é solicitado ou estimulado a fazer algo pela primeira vez na Terapia Ocupacional.

Por isso é importante o olhar do terapeuta ocupacional, pois é o instrumento que torna possível a construção de elos entre o fazer e outro; entre o mesmo jeito e um novo jeito de fazer; entre as possibilidades e as habilidades; entre o começo, o meio e o fim; e sempre, em todos os casos, através de um processo de análise contextual, conforme VILLARES (2000).

Portanto é essencial que o terapeuta ocupacional seja criativo e consiga trabalhar com o improviso, pois muitas vezes as atividades desenvolvidas no setting da Terapia Ocupacional exigem ser adaptas, reinventadas, de acordo com os objetivos teóricos e práticos do terapeuta ocupacional associado às habilidades do sujeito.

Segundo PIBAROT (2000 : 9) tratar não é “fazer tudo”. É propor uma resposta apropriada, deixando margem para o “fazer-seu!” do outro.

WINNICOTT qualifica de “suficientemente bom” o cuidado que oferece ao homem a possibilidade de encontrar os significantes de seu desejo.

Uma vez que a atividade é um meio e através deste nos empenhamos, aprendemos sobre o mundo, analisamos nosso conhecimento, exercitamos as habilidades, manifestamos nossos sentimentos, experimentamos o prazer, cuidamos de nossas necessidades para a sobrevivência, desenvolvemos a competência, e obtemos o domínio sobre nossos destinos, segundo SAPACKMAN apud BATTISTI (2001 : 104).

Dessa forma, BENETTON (1994) classificou a atividade como o primeiro passo para construção do processo terapêutico, em seguida ocorre a experiência do fazer, através do processo ensino-aprendizagem, abrindo espaço para novas formas de fazer.

Fazer esse que deve ser levado para fora do setting da Terapia Ocupacional com outras pessoas, transitando diversos lugares, criando sentido para a própria existência do sujeito, conforme TAKATORI (2001).

O sentido fundamental do fazer compartilhado esta em ampliar o viver e torná-lo mais intenso, intensificando o sentido da vida, ampliando as potencialidades para uma inclusão sociocultural, mas principalmente para o resgate de valores, privilegiando a realização das atividades que permitam ao sujeito vivenciar a singularidade.

CONCLUSÃO

A Terapia Ocupacional como profissão da Saúde, Educação e Esfera Social busca intervir e cuidar da saúde das pessoas incapazes de lidar com aquilo que não lhe é familiar, diferente. Incapaz de lidar com seu sentimento de frustração ao se deparar com a imperfeição .

Comparativamente a depressão provoca um impacto social, indicando perda da qualidade de vida, desse modo provoca rupturas significativas na esfera da vida ocupacional, familiar e social).

Essas rupturas se caracterizam pela ausência do fazer, uma vez que cada um possui um fazer próprio e singular, que de maneira própria permite ao sujeito compartilhar o cotidiano.

Sendo assim a Terapia Ocupacional em suas intervenções busca novas formas de conhecimento, de relação, de ações e atividades que recuperem a vida produtiva, mas produção, aqui, no sentido de produção de vida, de sentido, de função biológica, de sociabilidade, de utilização de formas coletivas de convivência, afetividade, solidariedade, de participação e engrendramento de novas redes sociais, articulando materialidade com as potencialidades dos recursos subjetivos.

Enfim, a Terapia Ocupacional busca proporcionar um espaço de saúde através do fazer, da realização de atividades, para que essa seja promotora da autonomia e da contextualização do sujeito no contexto o qual está inserido, ocorrendo à inserção do mesmo e em sua própria história de vida.